Capítulo 153
Capítulo 153
Capítulo 153
Amado sorriu, com a perspicácia quase mágica de um garoto de cinco anos: “Se me levaram, com certeza minha mãe não está bem.” Content bel0ngs to Nôvel(D)r/a/ma.Org.
Nesse momento, Teodoro Farnese teve que reconhecer que, incrivelmente, fora superado por uma criança.
“Não se preocupe, sua mãe agora está acompanhada.”
Teodoro tentou acalmá–lo, mas não esperava que, ao ouvir isso, o brilho nos olhos de Amado se esvaísse: “É o Seu Serpa que está com ela?”
Ele não mais chamava o homem de pai, referindo–se a ele somente como Seu Serpa.
Um calafrio percorreu Teodoro, que então confirmou: “Sim, é ele.”
De fato, ele não sabia bem por que desejava ir embora. Ao ver Noe Serpa tão aflito do lado de fora da sala de cirurgia, a vontade de fugir o dominou.
Com um sorriso amargo, Teodoro afagou o rosto de Amado: “Deixe que os adultos resolvam os problemas dos adultos.”
O olhar de Amado era penetrante, apesar de seus meros cinco anos, ele olhava para Teodoro como se entendesse de tudo, e com uma voz suave, disse: “Minha mãe não vai querer ver o Seu Serpa quando acordar, tio, você poderia ficar com ela no meu lugar?”
Essas palavras fizeram Teodoro estremecer. Ele perguntou, quase sem querer: “Por que você diz isso?”
Amado manteve sua expressão serena: “Minha mãe vai detestar o Seu Serpa ao despertar, para evitar que ele a incomode novamente, tio, eu queria que você cuidasse dela.”
Era um pedido tão triste, mas ele soava tão tranquilo. Isso era mesmo coisa de uma criança de cinco anos?
Teodoro balançou a cabeça, tentando clarear os pensamentos, e olhando nos olhos de Amado, respondeu docemente: “Está bem, quando ela acordar, estarei lá.”
Amado sorriu, parecendo, enfim, a criança inocente e doce que era: “Obrigado, tio.”
Teodoro suspirou, olhando para Amado diante de si, sentindo uma dor estranha no coração.
Era, provavelmente, compaixão.
Quando Inés acordou, o sol entrando pela janela a irritou, fazendo–a piscar, desacostumada com a luz.
Sentiu como se tivesse hibernado por uma eternidade, emergindo das trevas para o mundo de novo.
Demorou um pouco até que seus pensamentos se reorganizassem. Olhou ao redor e percebeu que estava num quarto de hospital, sozinha, com um acesso venoso em sua mão.
Inôs observou fixamente as marcas frescas de agulha em sua mão, sentindo como se ainda estivesse ferida.
Foi quando a porta se abriu e Teodoro Farnese entrou, com as mãos nos bolsos e um leve franzir nos olhos ao vê–la acordada, murmurou: “Acordou?”
Inès o olhou com desconfiança: “E o Amado?”
“Ele está bem, pediu que eu viesse te ver.” – Teodoro se sentou ao seu lado, percebendo os hematomas em Inês. Seu olhar se endureceu sem que ela notasse, lembrando–se da cena chocante de encontrá–la coberta de sangue na cama.
“Quero vê–lo” – disse Inês, as mãos tremendo ligeiramente: “Preciso ver o Amado.”
“Você o verá quando estiver mais forte.”
Teodoro não falou sobre Noe Serpa, apenas olhou para Inês e disse: “Não se preocupe, só vim para saber como você está. Afinal, sou praticamente um herói na sua vida, não me olhe assim.”
Inês permaneceu calada.
Teodoro sentiu que, ao despertar, Inés parecia diferente, mas não conseguia identificar o que exatamente mudara. Só via em seus olhos algo insondável.
Inés sempre foi resiliente, mesmo acuada, seus olhos brilhavam. Agora, ao despertar novamente, parecia ter sido devastada, seus olhos frios e envelhecidos, como se… como
se estivesse à beira da morte.